terça-feira, 31 de maio de 2011

A MANSÃO DO PREFEITO ZÉ ELIAS

Nas eleições municipais de 1976, o nosso candidato a prefeito pela Arena II foi o douradense Lauro Machado de Souza, e o seu candidato à vice outro filho da terra, o Ramão Vieira, com uma boa chapa de candidatos a vereadores.
            O nosso adversário pela Arena I foi José Elias Moreira, tendo como vice José Cerveira. A Arena III, capitaneada pelo saudoso coronel Juca de Matos e os irmãos Rolim, apresentou Ivo Cerzosimo e Shizuo Uemura candidatos a prefeito e a vice.
A chapa de vereadores de Lauro Machado elegeu seis vereadores: Nilson Vieira Matos, Joel Pizzini, Aniz Faker, Daniel Nóia, Valdenir Machado e eu. A chapa do prefeito eleito José Elias elegeu somente quatro: Saul Freire, Walter Carneiro, Celso Muller do Amaral e o filho do Barreirão, Mariano Candido de Arruda.
O manda brasa (MDB) elegeu três vereadores: Sultan Rasslan, Juarez Fiel Alves e Ramão Moacir da Fonseca o Dudu da farmácia. Numa articulação que levou Sultan a presidência da Câmara, Zé Elias conseguiu a maioria no Palácio Jaguaribe, com os quatro vereadores eleitos por sua chapa mais os três do MDB. O presidente só votava no desempate e na maioria das vezes a favor do Executivo.
Fazíamos uma marcação cerrada no prefeito Zé Elias. Ele muitas vezes se desesperava e recorria à Justiça, principalmente contra mim. Certa época já com vários processos de calunia e difamação, me zanguei com o prefeito e disse aos meus colegas que se “ele acha que não é normal uma oposição salutar verá como é baixar o nível”.
O Zé Elias estava construindo a casa onde reside até hoje, na rua Hilda Bergo Duarte - uma mansão para os padrões da época. Eu “sabia que era financiada”. Mas, certa noite junto com dois amigos, o Cidão e o Cassimiro Renovato, cravamos em frente da construção da casa do prefeito, que já estava em fase de acabamento, uma placa que retiramos de uma obra da Prefeitura dizendo: “Aqui o seu imposto”. Esse era um dos motes da administração de Zé Elias.
 Logo que o dia clareou tirei várias fotos da placa aparecendo no fundo a construção da casa do Zé Elias. Em Campo Grande, mandei imprimir 50.000 panfletos no formato A4 (sul fite) afirmando que o dinheiro público não estava sendo usado em obras para o município, mas sim para o prefeito. Distribuímos tudo em quatro fuscas na mesma noite nos distritos e na cidade.
No outro dia foi um alvoroço total. O Zé Elias se desesperou, foi na Polícia Federal procurar um delegado ligadíssimo a ele, exigindo a prisão dos “malfeitores, anarquistas e agitadores contra o regime militar”. Mas o Tenente Cassane nada podia fazer, pois não deixamos nenhuma pista.
Resultado final: Zé Elias ficou trinta dias internado no Hospital Santa Rita, do Dr. George Takimoto. Ele tinha certeza que o meu dedo estava naquilo, mas não tinha provas do crime. Faço essa confissão depois de pedir licença ao ex-prefeito. Tive a garantia dele que não me processaria, pela publicação.

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