Na década de 1970 o futebol douradense andava em alta. Jamil  de Campos Aum presidia a Liga Douradense de Amadores (LEDA), que me  indicara para presidir o quadro de árbitros da LEDA,  que era formado por Clemente  Rojas, Palomita (pai), Arino Braga, Norton Saldivar, eu e muitos  outros. 
No aniversário da cidade em 20 de dezembro de 1974, a  LEDA convocou uma seleção de jogadores de Ubiratan, Operário, Dragão do  Dudu da Farmácia e o Cometa, para uma partida contra o campeão  paraguaio - Cerro Porteño. 
As  reuniões do quadro de árbitros era na imobiliária Piratininga do grande  desportista Sales Mustafá (pai do Tahan). Na noite que nos reunimos  para escalar o trio de arbitragem para o jogo festivo, Clemente Rojas  pediu a palavra e arrastando o castelhano que lhe era peculiar,  reivindicou sua indicação para a partida. Disse que já estava cansado de  bandeirar e queria uma chance para apitar uma partida tão importante  como aquela. Acontece que o Jamil já tinha me dito que quem deveria  apitar era eu mesmo. 
Confesso  que fiquei envergonhado em negar tal pedido para o Rojas e me alto indicar.  Então, desobedecendo à ordem do presidente da LEDA, indiquei o  requerente com Arino Braga e eu nas bandeirinhas. Fiquei como bandeira  vermelha, pois este era o substituto imediato do juiz se caso precisasse  substituí-lo. 
Quando  o Jamil viu o trio de arbitragem adentrando o campo, disse que eu  estava louco, pois o Rojas não tinha experiência em arbitragem, e que  poderia dar um vexame. Mas, assim mesmo começamos a trabalhar. bandeirei na linha lateral  ao lado da cabine da Rádio Clube, onde o Zé Guerreiro transmitia a  partida. 
Logo  aos dois minutos Sosa, camisa dez da seleção paraguaia lançou uma bola  que ia rumo à cabeça do centro-avante paraguaio na área pequena; Valdeci  Carbonari, zagueiro central da LEDA, ao perceber que levaria o gol  cortou com a mão, num lance visto por todos que estavam no estádio. O  Clemente Rojas sem dó ou piedade automaticamente apitou. Evidentemente  que seria pênalti. Mas os jogadores da seleção douradense partiram pra cima dele,  dizendo que ele estava roubando só porque era paraguaio. 
Pressionado,  ele olhava para mim e acabou me chamando para perto dele. Pegou a bola,  colocou debaixo do braço para autorizar tiro direto, mas como falta.  Começou a marcar os nove passos para a barreira, mas só conseguiu quatro  passos, pois ultrapassava a linha do gol.
Mas,  quando pisou na linha do gol, voltou contando 18 passos colocou a bola  no gramado e, depois, contou os nove passos para a barreira. Os  jogadores do Cerro entraram em desespero e tentaram pressionar o  Clemente, que virou para o Sosa e disse: “regra dezoito do Brasil”. Os  paraguaios não entenderam nada. 
Bandeirei  o resto da partida escutando o Zé Guerreiro narrando que eu era  irresponsável em escalar aquele árbitro para um jogo tão importante, que  terminou num empate de zero a zero. Rojas nunca mais apitou - trabalhou  somente como bandeirinha na LEDA.
MPE DE DOURADOS COMETEU ALGUM CRIME?
LOGO SABEREMOS, ESPEREM!!!
MPE DE DOURADOS COMETEU ALGUM CRIME?
LOGO SABEREMOS, ESPEREM!!!
 
 
 





